Aspirador de Pó Industrial ajuda no combate da dengue
Como o aspirador de pó industrial tornou-se uma arma contra a dengue
Um trabalho desenvolvido no mestrado profissional em saúde pública da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco revela que os aspiradores de
mosquito podem ser uma ferramenta auxiliar no monitoramento do Aedes
aegypti, mosquito que transmite a dengue.
O estudo é de autoria de Vânia Nunes, bióloga e supervisora de
vigilância entomológica do Centro de Vigilância Ambiental do Recife. No
trabalho, Vânia avaliou o uso desses aparelhos no monitoramento da
densidade populacional do Aedes aegypti em áreas endêmicas da capital
pernambucana.
A pesquisa foi realizada no período de um ano, em duas áreas do bairro
de Nova Descoberta, na Zona Norte da cidade. O local foi escolhido por
apresentar altos índices de infestação e uma rede estruturada de
ovitrampas (armadilhas também desenvolvidas pela Fiocruz do Pernambuco
para coleta de ovos de mosquito) implantada desde 2009.
A cada mês, as residências pesquisadas tiveram todos os cômodos
aspirados durante 15 minutos, por três dias consecutivos, sempre no
começo da manhã. No total, foram coletados 2.133 mosquitos Aedes, sendo
1.230 fêmeas - as responsáveis pela transmissão da doença. Embora não
fossem objetos da pesquisa, a aspiração permitiu coletar também 11.564
exemplares de Culex quinquefasciatus, mosquito de grande importância
epidemiológica por ser o transmissor do parasita causador da filariose
linfática.
O número de mosquitos coletados revela a importância do aspirador no
controle das doenças causadas por esses vetores. No caso do Aedes
aegypti, a fêmea infectada permanece transmitindo o vírus da dengue ao
longo de todo o seu ciclo de vida, que dura em torno de 45 dias.
"Trata-se de um vetor complexo de controlar", explicou a orientadora do
trabalho e pesquisadora da Fiocruz PE Cláudia Fontes. "Cada nova técnica
adotada no monitoramento ajuda a conhecer mais sobre o mosquito e na
adoção de estratégias de controle", completou.
A ideia de desenvolver a pesquisa surgiu a partir da constatação que os
aspiradores de mosquito recebidos pela Prefeitura do Recife, em 2007,
para coleta do Culex, ficavam ociosos por longos períodos. "Como não se
trata de coleta contínua, esses equipamentos ficavam guardados. Daí a
ideia de utilizá-los também para a captura do Aedes", explicou Vânia.
A partir desses dados, a bióloga considerou bem sucedida a ideia de
fomentar o aspirador como mais um instrumento de monitoramento, que atua
na fase adulta do mosquito Aedes. "Trata-se de uma ferramenta
ambientalmente limpa, que pode vir a reduzir o uso dos inseticidas",
afirmou.
Fonte://info.abril